terça-feira, 23 de setembro de 2008

Caso verdade: Comunidade Lei Maria da Penha

Toda mulher merece tomar porrada. É isso mesmo, toda mulher tem que apanhar pra aprender a se comportar. E se não aprender, apanha até o marido, namorado, amasiado enjoar de bater. Eu, violento? Mas se elas gostam disso?! A gente faz assim e fica tudo atrás, pedindo mais. Bato mesmo até cair os dentes. E ai dela se reclamar!

Nossa, sai espírito ruim! Já passou meninas, não se assustem não. Eu não virei um monstro, não me tornei um covarde valentão. Eu comecei o nosso papo desse jeito pra entrar num assunto que merece a atenção de todos. É a violência contra a mulher.

Lendo o Atarde de segunda-feira (22), me deparei com uma matéria no mínimo instigante. O Orkut, site de relacionamento mais popular no Brasil, excluiu de forma misteriosa uma comunidade sobre a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006). Pra quem ainda não conhece, a lei garante à mulher de qualquer classe, credo, etnia, faixa etária... o direito de viver sem violência.

Então, a comunidade mantinha um papel de acesso a acontecimentos referentes a esse assunto, mantinha seus membros informados sobre a atuação da lei para controle de ações que a infringissem (e olha que eram mais de seis mil membros), dentre outros fatos relacionados. Mantinha uma linha de prestação de serviço à comunidade, mais uma via de nos manter informados. Daí vem o Orkut e diz: “Não, isso aí não pode...” Estranho, não?

Eu já sofri na pele os efeitos dessa estranheza. Nossa comunidade já sofreu boicotes dos organizadores, que retiravam o link para o blog. Além de retirar o link, postavam a descrição do blog toda em letras minúsculas! Eu pirava toda vez que isso acontecia, mas sempre que percebia a intervenção do Sr. Orkut eu colocava lá o link de novo. Acho que o venci pelo cansaço.

Os representantes do Orkut no Brasil alegam que no contrato de uso há uma sinalização para a legalidade da exclusão ou “edição” de qualquer perfil ou comunidade de acordo com o arbítrio de seus organizadores. Ainda assim, alegam que qualquer comunidade com teor político é também passiva de exclusão.

Confesso que não freqüentava a comunidade excluída. Mas uma coisa eu garanto: eu não defendo nenhuma bandeira política e acho que o benefício que uma comunidade como essa traz ao usuário do Orkut é algo a ser ressaltado e considerado antes da decisão de exclusão.

Pensem nisso e fiquem atentos (atentas, principalmente) sobre o que se passa. O que não pode mesmo é homem batendo em mulher e ninguém pra bater no homem (quando falo “bater no homem” entenda punir, prender... ou dar porrada, mesmo).