terça-feira, 9 de setembro de 2008

Obrigado por guiar

Vamos falar de Publicidade um pouco de novo. Há pouco falei de uma ação chamada Dia do sexo. Legal, disse que foi uma das coisas mais surpreendentes que já vi no ano junto com as propagandas dos macacos. E de fato são mesmo. Porém hoje vim tocar num assunto que mexe e mexerá com cada um de nós mais efetivamente num futuro não muito distante, se assim permitirmos.

Os Postos Ipiranga lançaram no ano passado uma campanha de combate à emissão de gazes poluentes na atmosfera. “Mas como?”, perguntaria você. É, uma empresa que se ocupa justamente da exploração desse consumo, o que gera esse efeito poluidor, fazendo campanha contra si, no grosso modo de pensar.

Ora, de uma forma muito simples e eficaz. A idéia não é nova, mas como no caso do Dia do sexo, a associação desta ação a uma empresa exploradora de recursos potencialmente danosos ao meio ambiente é sensacional.

A Ipiranga promove o uso do Cartão - Ipiranga com o seguinte: a cada litro abastecido nos seus postos pago com o cartão, uma muda de arvore será plantada pela empresa. Nessa lógica o dióxido de carbono lançado pelo consumo de gasolina, diesel e álcool será absorvido por cada plantinha semeada e cultivada.

Olha o impacto disso. Se justifica o consumo pela contrapartida do replantio de mata nativa. Desse jeito o consumidor do século XXI, que coloca como ponto de comparação de produtos a responsabilidade social, não se sentirá culpado ao consumir a gasolina Ipiranga. Muito pelo contrário. O estímulo da coisa é o broto plantado na mente do consumidor.

É como disse Nick Naylor em Obrigado por Fumar (Thank you for smoking, 2005 EUA) “(...) Não queremos um adolescente morrendo por fumar cigarros, seria péssimo para nossa imagem...”. Na ocasião o personagem Nick, um lobista da indústria do tabaco, participava de um debate com representantes da sociedade e autoridades sobre o grau de nocividade que o tabagismo infanto-juvenil representava. Um garoto curado de um câncer estava presente.

Então foi sugerida por Naylor a criação de uma campanha de 50 milhões de dólares para combater o uso de tabaco por menores de 18 anos e completou: “Se pensarem bem, ele é nosso cliente em potencial. As indústrias de tabaco não lucrariam nada com ele morto. Nosso objetivo é mantê-lo vivo e fumando.”

E aí? A lógica é a mesma ou forcei a barra? Bem, o fato é que eu gostei dos dois. Da ação da Ipiranga e de Nick Naylor.