terça-feira, 16 de setembro de 2008

O primeiro a gente nunca esquece

Quem aqui nunca usou essa frase pra algum assunto que queria significar? Quem nunca se utilizou do bordão pra começar alguma apresentação, alguma estréia, algo relevante, que te marcaria de alguma forma? Pois é, alguns até pensam que isso é dizer popular daqueles nascidos numa época longínqua, falada por nossos avós a muito, muito tempo atrás. Não é não, viu gente. É culpa da Publicidade.

E é obra de um publicitário em específico. Washington Olivetto, dono e fundador da agência W/Brasil, uma das mais premiadas do país. Então, nos idos de 1987 Olivetto produzia e veiculava a campanha que seria a mais premiada daquele ano e mais lembrada nos anos seguintes. Era o vídeo comercial dos sutiãs Valisère. Muitos de vocês quem me lêem agora não lembram nem sequer ouviram falar dessa marca aí. Observem.

O vídeo consistia no seguinte: Dois personagens. Uma garota de seus 12 anos de idade e o sutiã Valisère. O conflito em questão era o desenvolvimento de uma criança que descobre já ser mulher. Daí a necessidade de expressar essa feminilidade. Associar o sutiã a esse sentimento e com a sutileza com que foi feito é inquestionável. E pra finalizar, a frase que passou a fazer parte da cultura oral do brasileiro: O primeiro Valisère a gente nunca esquece. Sensacional.

Mas me perguntem aí o porquê dessas reminiscências, desse saudosismo, dessa nostalgia toda. Ora, porque vale a pena e pronto.

Essa resposta seria suficiente, porque vale a pena mesmo. Mas a verdade é mais honrosa. Washington Olivetto lançou o livro “O primeiro a gente nunca esquece”, da Editora Planeta, 2008. O livro conta os bastidores da campanha ganhadora do Cannes do ano e de vários (quase todos) outros prêmios nacionais e internacionais de criação publicitária.

Nele conta curiosidades como a quase contratação da apresentadora Eliana (com 14 anos na época) e a contratação de Patrícia Luchesi de apenas 11 anos; do fato de ser a primeira vez que um comercial era exibido com 90 segundos, durante todo o intervalo do Jornal Nacional da Rede Globo. Uma lista com mais de 80 artigos e citações de sua frase eternizada na memória do povo.

Bem, pela importância da obra publicitária, vale à pena conferir a obra literária. E vale a pena também dar uma conferida pra quem nunca viu, e uma relembrada pra quem já se encantou com essa propaganda. Porque afinal, o primeiro a gente nunca esquece (tinha que finalizar desse jeito).