terça-feira, 27 de maio de 2008

Licença para mentir

Uma tapioca no shopping: 10 reais

Dez bicicletas ergométricas: 20.000 reais

Comprar isso tudo com o dinheiro do povo: Não tem preço.

Para algumas coisas existe preço. Para todas as outras existe o cartão corporativo.

Com a devida licença da famosa (e muito bem sacada) propaganda, eu não poderia perder a piada. Como se já não fosse o bastante termos que olhar para tudo isso e dizer: Eu te coloquei aí; agora inventaram uma nova modalidade de mentiroso pra político. É o Mente Bond. Inventaram a licença para mentir no Brasil! Era só o que faltava. Explicações? Vou chegar lá, mas vamos por partes.

Sabe aquele escândalo dos cartões corporativos? Pois é. Estão rolando as pedras por Brasília. Foi aberta uma CPI para investigar o vazamento de informações sigilosas sobre o uso supostamente indevido e indiscriminado do cartão corporativo realizado no governo Fernando Henrique Cardoso. Informações essas que segundo o governo seriam apenas levantamentos de dados realizados pela Casa Civil para apuração interna. A oposição discorda e diz que foi uma forma vil de intimidação, com a manipulação de documentos de cunho interno.

Bem, explicado isso, na CPI o secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, que é por isso apontado como provável autor do famigerado vazamento, foi intimado a depor e entrou na sala com um hábeas corpus que lhe garantiria carta branca para mentir sobre o assunto. Bem, na verdade ele teria o direito de ficar calado quando quisesse em qualquer questionamento. Então omissão pode ser considerada mentira? Sei não, mas eu considero desvio de conduta, imoralidade. Não sei por que, mas me deu uma vontade de comer pizza agora... Imaginem esse diálogo:


- Srº Aparecido, o senhor vazou ou sabe quem vazou as informações sobre o cartão corporativo?

- É... ta frio aqui, né?

O próprio James ficaria com inveja. Diria: Eu aqui com essa licencinha pra matar e lá no Brasil já rola licença pra mentir! Oh! My dear queen!

É, rapaziada. A coisa tá se profissionalizando por aqui. Enquanto na terra da rainha o pessoal ainda está nos 007, aqui já alcançamos números bem mais altos. Só falta lançarem filmes como “O dinheiro público nunca morre” ou “O homem do cartão de ouro”, ou melhor ainda: “Cassino Royale... em Brasília”. Bem, quando chegar a fatura do cartão corporativo é só soltar aquele velho bordão: Meu nome é Bond, Mente Bond.